Sou divino por dentro e por fora, e santifico tudo o que toco ou me toca,
O odor destas axilas é mais belo que uma oração,
Esta cabeça mais do que os templos, as bíblias e todos os credos.

Walt Whitman

Só, caminho
Mais nada existe
Só, esta maravilhosa gota de vida
Que me alimenta

Verde Limão

Adoro o verde adoro o amarelo
Adoro o verde limão
Adoro a natureza
E nela me respirar
Adoro o silêncio dos campos
E o silêncio do chilrear dos
Piscos de papa ruivo
Adoro o silêncio dos badalos das ovelhas
E adoro o fresco do orvalho
Adoro.

Verde limão

Num assobio

No chão, em pegadas de azáfama
Percorreste o meu sorriso
Ouvi histórias alheias
Desarrumei os meus ideais
O tilintar de sonhos toldou-me a visão
Não quis permanecer no ficando contínuo
Lancei a barcaça ao rio
E num assobio deslizei ao mar.

Dia

São tantas as vezes em que nada parece fazer sentido. O dia-a-dia infernal que a maioria teima em viver como se fosse o natural modo de viver a vida.
É preciso parar e respirar. Respeitar o nosso próprio ritmo e o ritmo de cada um.
Não sinto que encaixe nessa sociedade actual de consumismo e de aparência.
Peço ao Universo que nos ajude, a nós seres humanos, a tomarmos consciência da nossa finitude e da importância que é vivermos em harmonia connosco, com os outros e com a Natureza.
Podemos ser tão melhores...

Desapegar

Desapegar. Desapegar. Turn over the page.
Não sei o que sonhei hoje, mas acordei levemente várias vezes durante a noite a sentir um arrepio e dormência por todo o corpo, como se fosse um medo paralisante.
Espero que não seja nada de mais. No entanto estou um pouco alterada e inquieta. E sinto-me parada de acção.
Estes meses de 2016 não têm sido fáceis. Os acontecimentos sucedem-se e enrolam-se num novelo... Ou desatam-se.
Sinto que precisava de estar sozinha, isolada, longe de tudo, numa praia ou junto a um rio, com livros, um caderno, verão e algumas pessoas desconhecidas. De preferência num local onde a língua materna fosse outra. Por tempo indefinido. Sozinha e confortável.

As cigarras que teimam em louvar o Verão

O corredor submerso de risos e correrias. O cheiro da infância e as cigarras que no meio da cidade teimam em louvar o Verão. Respiro fundo. Inalo todos os dias de calor, todas as brincadeiras, a preguiça das longas tardes... Pergunto-me pelo tempo, sem me demorar muito por alguma resposta. Sigo num rápido olhar mais de meio século de vida catalogado.
Para onde vai tudo? Inalo todos os dias de calor... Respiro fundo e deixo-me embalar pelas cigarras.
Tudo permanece e tudo muda. Concluo.
Inalo todas as brincadeiras, sorrio, levemente. Fico e vou.